Por que as crianças precisam brincar?
Entenda o porquê as crianças precisam brincar e veja como deve ser a seleção dos brinquedos
Pais, tios, avós, enfim, todo mundo que depara com a difícil tarefa de escolher um presente para uma criança fica logo desnorteado. Afinal, hoje a variedade de produtos é infinitamente maior do que no passadoe o interesse das crianças muda numa velocidade muito grande. Além disso, questões que antes não faziam parte da lista de preocupações dos pais, como a violência e o uso excessivo de brinquedos eletrônicos, agora estão presentes e devem ser levadas em conta.
Brinquedos são um convite para brincar e brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança. É brincando que ela desenvolve características como a criatividade, a inteligência, a concentração, a afetividade e a capacidade de resolver problemas. Também aprende valores fundamentais como o respeito às regras e a importância de saber compartilhar as coisas – presentes, por exemplo, nos jogos coletivos.
Os brinquedos ajudam no desenvolvimento da linguagem corporal, escrita e oral e ajudam a ampliar o vocabulário. É por meio das brincadeiras que as crianças elaboram vivências e aprendem formas de lidar com situações com as quais mais tarde elas vão deparar na vida adulta. Pode soar piegas, mas é a pura verdade: a criança que brinca se torna um adulto melhor.
Como deve ser a seleção dos brinquedos?
Não é porque quando era pequeno você sonhava em ter um Autorama que ele necessariamente vai fazer sucesso com seu filho ou sobrinho. “Quem deve escolher o brinquedo é a criança”, afirma a educadora Nylse Helena Silva Cunha. Ao entrar numa loja, deixe a criança escolher o que ela quiser. Se você achar que aquele produto não é adequado, deve mostrar o porquê. Por exemplo, se for um objeto frágil, que vai quebrar logo, você deve explicar isso à criança. Sempre que possível, faça o teste na loja. Deixe a criança brincar por alguns minutos. Muitas vezes ela é enganada pela propaganda na TV e o carrinho que ela tanto sonhava não era nada do que ela imaginava. Se estiver fora do orçamento, você pode fazer acordos. Por exemplo, falar que tem apenas 50 reais para comprar um brinquedo naquele mês. Se o escolhido for o dobro do preço, fica combinado que ele valerá para aquele mês e o próximo.
É importante que a criança tenha um conjunto variado de brinquedos. Quanto maior a variedade, melhor. Desde brinquedos de afeto (como o ursinho e a boneca) até os para brincar ao ar livre (como a bola e a bicicleta), passando pelos de faz-de-conta (como as fantasias e as que imitam profissões de adulto) e os de brincar sozinho (como os de montar e desmontar e a pintura). Vale tudo: brinquedos artesanais, industrializados, antigos, modernos, brasileiros, importados etc. “A brincadeira é o tesouro da criança. Ela precisa dominar diferentes práticas culturais para que possa conversar com as outras crianças. A criança bem desenvolvida é aquela que domina diferentes linguagens”, afirma a professora Tizuko Kishimoto.
Qualquer coisa serve para brincar. Podem ser legumes e verduras esculpidos na forma de objetos; tampas e panelas de diferentes tamanhos para brincar de encaixe; e até mesmo roupas dos adultos, que servem como fantasia. Baldes com água e areia são ótimos para modelagem. Mas isso não quer dizer que as crianças não devam ter brinquedos industrializados. “Os brinquedos carregam o seu tempo. A criança deve ter acesso a essa cultura para se familiarizar com ela”, diz Tizuko.
E é bom lembrar: não adianta apenas dar o brinquedo, tem que participar. Às vezes basta ficar ao lado da criança e observá-la. Mais do que um brinquedo, muitas vezes o que a criança precisa é de um bom companheiro ao lado dela. E, nessa hora, nada melhor do que você mostrar que está lá.